sexta-feira, 26 de outubro de 2012



White On White de Kazimir Malevich

White On White Ou O Que Eu Vi Da Ausência, é uma vídeo/performance inédita que irá acontecer numa galeria de arte, que discute a vida íntima como advento artístico e midiático. A partir da dramaturgia de mesmo nome, escrita pelo filósofo e dramaturgo Edu Reis. Livremente inspirado no quadro “White On Whitede Kazimir Malevich e no ensaio filosófico A Obra de Arte na Época da sua Reprodutibilidade Técnicade Walter Benjamin.


Descrição

Com uma estética simples e limpa, serão projetados dois vídeos na parede de uma sala branca, o primeiro com o ator Erom Cordeiro e o segundo com a atriz portuguesa Maria de Lima, a ação dramática é igual nas duas versões. Os atores, cada um em seu vídeo estarão imóveis, encostados no fundo de uma sala branca, eles narrarão o texto White On White Ou O Que Eu Vi Da Ausência.

Enquanto os vídeos são projetados na parede, o mesmo ator e a mesma atriz, estarão sentados em cadeiras no centro da sala, ambos contracenarão com os seus respectivos vídeos.


 Objetivo

  • Promover a video/performance White On White Ou O Que Eu Vi Da Ausência.
  • Fomentar a discussão acerca da espetacularização da vida íntima e cotidiana nas redes sociais.
  • Incentivar o uso e a criação de novas linguagens artísticas, o intercâmbio de ideias, a inovação e a convergência entre arte e tecnologia.
  • Interagir com as dimensões da tecnologia, do que é realidade e do que é a reprodução da realidade como ficção.
  • Expressar os conflitos atuais, que estão traduzidos na dramaturgia de Edu Reis. Promovendo assim a identificação junto ao público, a fim de criar reconhecimento, troca e reflexão.
  • Fomentar a discussão acerca da gigantesca multiplicidade de informações e revoluções da web e de sua respectiva inserção em todos os meios sociais                            

JUSTIFICATIVA

O texto de Edu Reis expressa os conflitos humanos e sociais dos nossos tempos, com temáticas que revelam essencialmente as relações humanas. As questões que se propõe colocar em cena, e que compõe o texto White On White Ou O Que Eu Vi Da Ausência, envolvem hedonismo, vaidade, ironia, perversão, sexualidade, consumismo, amor e arte. São as paixões humanas tratadas de maneira sagaz e irônica que possuem uma via fértil de comunicação com o público, o conduzindo a uma reflexão inevitável sobre suas próprias condutas.

Esta vídeo/performance propõe colocar o espectador frente às situações dimensionadas pelo texto e também pela duplicação da ação dramática, fazendo-o refletir sobre a vida real, do instante já e a vida da ficção, das redes de relacionamentos, dos iphones e smartphones.

Interessa para o projeto a questão do vazio, da ausência de sentido, que é resultado da polifonia de sentidos provocada por essa intensa conectividade, todo mundo está plugado e antenado o tempo todo, por um lado isto é fenomenal, mas não dá pra sair ileso disso tudo.
Acredita-se que esta amplitude temática do projeto pode oferecer um panorama  sobre o homem dentro da era digital e consequentemente questiona o futuro desta relação. Estimulando não só nos artistas, mas também no público, a motivação de discutir e se deixar tocar pelas questões levantadas por esta vídeo/performance.

E este é também o compromisso deste Edital que tem por finalidade estimular tanto a criação de manifestações artísticas relevantes cultural e socialmente, quanto promover a formação de novos públicos e novos cidadãos ativos em relação ao panorama artístico global.


REFERÊNCIAS:

Este trabalho tem como base artística e intelectual o estudo de  duas obras que foram marcantes na história da arte e da filosofia; a primeira é da ordem da experiência sensorial e a outra intelectual.

Kazimir Malevich foi um Pintor Russo do início do século XX, idealizador do Suprematismo, movimento de arte abstrata. O Suprematismo surge por volta de 1913, mas sua sistematização teórica data de 1925, do manifesto, Do Cubismo ao Futurismo ao Suprematismo: o Novo Realismo na Pintura, escrito por Kazimir Malevich em colaboração com o poeta Vladimir Maiakóvski.

O suprematismo defende uma arte livre de finalidades práticas e se compromete simplesmente com a pura visualidade plástica. Trata-se de romper com a ideia de imitação da natureza, com as formas ilusionistas, com a luz e cor naturalistas, experimentadas pelo impressionismo, e com qualquer referência ao mundo objetivo que o cubismo de certa forma ainda alimenta.

A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica, é um ensaio de Walter Benjamin sobre a arte no século XX, na era digital, que analisa a sua existência na era da cópia, da fotografia.

É o mais conhecido e citado ensaio de Walter Benjamin, o texto discute as novas potencialidades artísticas. Essencialmente numa dimensão política, decorrentes da reprodutibilidade técnica.

Em épocas anteriores a experiência do público com a obra de arte era única e condicionada pelo que ele chama de aura, isto é, pela distância e reverência que cada obra de arte, na medida em que é única, impõe ao observador. Primeiro nas sociedades tradicionais ou pré-modernas, pelo modo como vinha associada ao ritual ou à experiência religiosa; depois com o advento da sociedade moderna burguesa, pelo seu valor de distinção social, contribuindo para colocar num plano à parte aqueles que podem aceder à obra “autêntica”.

O aparecimento e desenvolvimento de outras formas de arte, (começando pela fotografia), em que deixa de fazer sentido distinguir entre original e cópia, traduz-se assim no fim dessa “aura”. Isto libera a arte para novas possibilidades, tornando o seu acesso mais democrático e permitindo que esta contribua para uma “politização da estética” que contrarie a “estetização da política” típica dos movimentos fascistas e totalitários dominantes no momento em que Benjamin escreve esse ensaio.


ACESSIBILIDADE

Para a realização da vídeo/performance, será necessário uma sala cuja estrutura siga as normas de acessibilidade a portadores de deficiência física.


DEMOCRATIZAÇÃO

Estima-se que o projeto atinja, aproximadamente, 15.000 pessoas, em 24 apresentações realizadas em uma das salas do Oi Futuro Flamengo com capacidade para cerca de 100 pessoas por apresentação, soma-se à apresentação a projeção dos vídeos em tempo integral na galeria. Também faremos um anúncio no Facebook com estimativa de 480.000 pessoas (abrangência - 60 dias). Esse público será composto, majoritariamente, por: artistas em geral, estudantes (segundo grau e universitários), pessoas da terceira idade e integrantes das classes C, B e A, sendo que as pessoas de baixa renda serão atingidas através dos estudantes de teatro e de artes de projetos sociais.


VÍDEO/PERFORMANCE

Será gratuita e aberta ao publico.

WHITE ON WHITE OU O QUE EU VI DA AUSÊNCIA, conta com a atuação e intervenção artística dos atores: Erom Cordeiro, e da atriz portuguesa Maria de Lima.


  
DRAMATURGIA
Verbo/ Palavra/ Imagens/ Espaço

O texto de Edu Reis, trabalha com uma narrativa direta, independente de diálogos ou atmosferas psicológicas na construção de um tema ou de uma persona. Quebrando assim, à estrutura clássica teatral. Aqui a persona, a personagem, o artista, o ator e o sujeito se apresentam conjuntamente. Dando peso a ação performática.


O texto questiona as formas de saciedade existencial. A necessidade de estar sempre em gozo, de estar sempre feliz e belo. Essa busca incessante acaba levando o homem ao estado de nada, de total ausência.


FICHA TÉCNICA

Concepção Geral, dramaturgia e vídeos: Edu Reis.
Performance: Erom Cordeiro e Maria de Lima.


TEXTO

Mr. King - Acordei. Acordado olhei para o corpo. Olhei os meus olhos. Eles estavam parados. Brancos. As vezes zapeavam sem rumo. Eles buscavam. Ele não estava mais ali. Buscavam ele. Eu sentia sua presença ao meu lado, sua respiração, seu cheiro.

Tudo ali era branco. O corpo branco estava ali na cama, sobre o lençol branco, a pele branca desenhava vontades de outros dias. Eu vi, os olhos viam tudo. Não sentia nada. O ar estava dentro. Me Preenchendo. Me esvaziando. Como uma bomba de oxigênio. Olho pro lado e eu o vejo. Ele não me olha, tão pouco se move. Se não é mais, então quem esta lá dentro? Ainda há alguém ali naquele corpo?

Ele não estava mais ali. O branco tomou conta de tudo. Mas, eu o vejo ali ainda, parado, do meu lado. É lindo vê-lo ali, deitado. A sua ausência me toca e eu choro. Eterno é tempo congelado. No carro antes de tudo, ele me olhava. Eu vi seus olhos que me olharam antes de tudo acabar. Foi ontem que eu o vi, foi ontem que ele sorriu pra mim.

Ontem. que ainda é hoje. Extensão de tempo. Estávamos lá. Todos juntos. Ontem fui. Sim fui. Com eles, no meio deles, sim, eu fui no meio deles. Lá. Eu. Eles. Dancei com eles, lá eu fui. Um. Deles? Eu sou um deles. Eu seria eu.

Mas lá, eu fui um deles. Dancei. Foi bom, eu gostei. Como nunca. Como sempre tinha gostado. Fui. Belo na medida. Do que é ser. Belo. Sim, fui. Olhado por vidros que nada diziam. Foi bom aquele momento onde o sangue é invadido pelo branco. Naquele momento o branco é red. Órfão de si mesmo. De si, agora aqui. Só e feliz, o sangue branco me impulsionou e eu dancei, dancei muito, queria morrer de tanto dançar, queria ser feliz assim pra sempre. Felicidade sua. Fabricada. Sintonia em todos. Contagia. Fabricou. Feito. Vendido. É isso. Fabricamos valores. Eu fabrico a minha felicidade! Eu pago por ela.

Felicidade. Medíocre? É felicidade! Quem vai dizer que não? E se é isso, isso vai ser. Seja a que preço for. Desmoronamento estável. Corrosão invisível. Estável eu estava. Meio ou médio? É pra rir? Piada! Vida tranquila? Feliz por ver o sol? Feliz por ver as flores? E quando o branco é branco? Emoldurado em branco, sobre tela branca. Ausência. Quando o buraco do nada se abre no estômago?

Eles dançam, todos iguais, peles suadas no espaço sem, camisas brancas, museu de cera muscular que eu gosto de ver. Museu, cera. Será. Efêmeras e perecíveis idênticas e diferentes em cores monocromáticas se entrelaçam na fúria de ser igual. Identidade hoje é qualquer rosto. Tenho o meu. A pele encrustada no osso. Forma uma forma. Formamos uma identidade comum, somos todos um. Somos todos feitos em Bíceps, tríceps, glúteos e panturrilhas. Somos homens.

Sou belo. Toco-me e não tem. Não tem mais nada dentro. No jogo. Joga-se? luz é de boate. É? Luz que brilha é de boate. Eu vejo o dia nascer feliz. Meu dia, meu sol. O meu sol que nasceu pra mim e me ilumina agora. Porque eu sou iluminado, sou belo, fui reproduzido pra ser, e eu sou, sou eu iluminado pela luz que é feliz por que é luz. Sou menino refém de si mesmo, refém do que é ser.

O que eu quero onde está? O que eu quero agora? Eu quero ele. Mas ele não está nas lojas. Ele não está mais lá. Percorro as vitrines atento pra ver se encontro. Não vejo nada. Muitas roupas e só. Roupas, sapatos. Camisas. Marcas. Tudo está ali pra você ser alguém. As roupas estão lá te esperando para ser. Os bonecos de plástico, da vitrine me olham. Me arrepio. Parecem mais vivos do que eu. Tocaia. Escravo de sua própria beleza. Já andei o mundo procurando, mas no fim todos os lugares são apenas outros lugares. Iguais.

Eu. Agora aqui. Ausente por excesso de sentido. Sinto muito! Vibrante é a vontade. A batida. Abatido por ele. Me acertou em cheio. A batida perfeita está no coração. Eu danço, danço, muito. Comigo eu danço, não tenho medo. Venha dançar agora. Comigo só. Aqui, agora, só comigo. Venha sentir a batida que te chama aqui dentro. Ele bate.

Tenho calor pra nós dois, vou te esquentar, vou te dar o mundo em um instante. Vem agora, não tenha medo, não vou te machucar. Olha pra mim. Mostra que você ainda está aí dentro. Eu to aqui te esperando. O branco pega as nossas mãos. Bala de criança brinca sozinha, inventando magias.

Eu sou feliz, muito feliz. Eu danço e choro nesse momento porque eu sou feliz. Eu danço olhando pra ele, aqui neste quarto branco. Só. Feliz. Só, eu sou, só, feliz, eu sei que eu sou, quem vai dizer que não? Eu danço, danço, não paro de me sentir, eu sinto, eu danço. Eu sinto muito, sinto por todos, agora. Agora danço, vem dançar comigo? A hora é agora.

Retiro seu corpo da cama, agarro forte suas costas, jogo seus braços nos meus ombros. Encosto sua cabeça na minha. Eu respiro forte. Eu respiro por nós dois. Agora podemos dançar tranquilos. Seu corpo gelado me causa um constate calafrio interior. Os sinos da igreja tocam lá fora. Vou fugir com você, não vou deixar você ir embora, fica mais um pouco aqui comigo.

Nada acontece. Ele não me olha mais, nem mesmo pode me ver. Ele não me sente mais. Nem mesmo pode ter prazer por mim. A minha beleza já não toca mais os seus olhos, nem mesmo seu coração, nem mesmo seu pau. Minha beleza não importa mais.

Sou rico. Belo. Tenho dinheiro, tenho dinheiro, muito dinheiro, tenho tudo que quero, sim tenho, sempre tive, todos o brinquedos, todos os controles de carrinhos importados, tenho carros, eu os coleciono na estante e na garagem, me preocupo muito com a minha imagem, estou sempre bem vestido. Sou feliz, todos querem ser o que eu sou. Olha pra mim! Sou belo! Pego um, dois, três... pego um qualquer. Hora que quero, pego. Malho rigorosamente.

Dias. Vários, dias. Cativeiro da beleza é. Estou em todos os ciclos. Preenchimento. Quero ser grande. Ser inteiro. Ser mais. Olha o meu braço. Quero ser mais. Olha o meu tórax. Quero mais e mais, quero mais, quero mais, ainda não cheguei. Preciso ser. Muito. Preciso muito. Ser. Eu malho todos os dias, minha religião meu afeto, minha repetição de ser, eu treino todos os dias, pra ser, eu malho, eu corro, corro. Corro, eu corro, estou correndo, eu corro, eu corro, estou aqui agora. Correndo, muito. Eu corro. Meu duplo inchado, meu outro. Corpo criado, sou outro eu. Cobra em escamas. Cobra criada. Quero chegar no topo, rastejo.

Quero ver todos lá de cima e quero que todos vejam quem sou eu, como sou belo e rico, como sou onipotente, como eu posso. Como eu sou o mais brilhante entre todos, minha luz vai brilhar, eu vou ascender, vou jorrar pra todos...

No banheiro de ontem vi através do espelho a multiplicação. Músculos em escala definida, vários, idênticos, na urgência de serem idênticos, todos eles, todos nós descamisados à procura do amor, parado na fila, aflito, louco por mais um. Tiro-me. Eu. Pele tocando o branco. Pele no fundo, pele sobre pele, pele entre pele, excrementos e sangue. No banheiro eu jorrei branco dentro. Fui feliz! Sinto vontade de chorar. Mais um, mais vários. É essa? É porra, porra de porra seca! Porra de vida seca.

Minha cabeça gira, estou fora, de fora, ao lado de mim mesmo. Não posso ter. Não tenho. O controle remoto da infância ficou lá. Estando de fora eu. Perdi o controle do instante. Um dia fui. Lá. Não mais estou. Ao lado de mim não sou boa cia. Não, não sou. Fui ferido. Fui marcado! Uns dirão: seu tolo! Mas eu sou feliz! Choro por ser muito feliz! O carro ficou lá naquela esquina. Mesmo assim sou feliz. Se eu não acordar mais, serei nada como nada sou agora. White on White. O que eu vi, ninguém viu. Eu vi. Ele estava lá. Ele tomou conta. Ficou. White on White. Eu vi, eu vi, sim! Eu vi. Dentro. Eu lembro do ser que eu sou e que agora esta ao meu lado. Sobreposto, projetado. Estampado na frente de mim. Branco sobre branco.

Eram 06:30 da manhã de domingo. Estava cinza. O dia. Frio. Chovia. Fino. Aqui. Feliz e só, estava. Estou no quarto branco parado, olhando. Poderia ir. Qualquer lugar, qualquer casa, qualquer quarto sujo de hotel barato. 

Entramos no meu carro. Andamos algumas quadras. Estava feliz, riamos muito, seu beijo era. Queria voar naquele momento, queria ser feliz pra sempre naquele momento. As ruas vazias do centro presenciaram tudo. Velocidade máxima.

O som ligado, batidas ritmadas e continuas. Estava feliz, naquele momento fui feliz e só. Um encontro certeiro. Uma batida explosiva em algum prédio, imaginei ser feliz assim, acabar. Deixar de ser. Feliz numa parede de um prédio velho do centro. Pintura pichada em pedaços.

Sem destino estávamos. Queria nunca mais dormir, ou nunca mais acordar. Já gozei White on White. Quero mais, quero o branco, quero tirar isso de mim, isso que é vida, e que me mata aos poucos. Aos poucos somos bonecos. Bonecos são de plástico. Eles estão mortos. Os bonecos já nascem mortos. Com olhos parados, eles não te olham, não. No fim são todos bonecos. No fim somos todos bonecos parados no fim, encaixotados no armário da criança que cresceu e já não mais. Na terra  plásticos levam tempo, não se decompõem tão facilmente. Somos juventude superada, inocência perdida e festejada. Criança boneco da mamãe.

Quero nunca mais dormir, ou nunca mais acordar, tanto faz. Já gozei White on White. Imaginava um encontro certeiro. Uma batida explosiva em algum prédio. Imaginava ser feliz assim, acabar, deixar de ser, feliz numa parede de um prédio velho. Viver eternamente em pedaços esmagados. Colorindo a parede branca do prédio branco. Quadro vivo. Red on White. Ele estava lá quando tudo parou, o carro dançou no ar, várias voltas no ar, um espetáculo aéreo. A parede esperava, os sinos tocavam, estávamos chegando ao verdadeiro encontro. Ele foi. Eu fiquei. Eu vi o quadro na parede, o vermelho escorria. Ele foi, eu fiquei. Eu queria ser feliz assim. Ele foi, eu fiquei. Eu vi tudo. Ele voando no ar, eu vi quando tudo aconteceu. Eu vi, eu estava lá.

Ele foi, eu fiquei. Eu vi tudo. As cores tomando forma na parede, eu vi tudo, era lindo ver. Queria eu estar lá. Queria eu ser um quadro branco. Queria eu ser feliz assim. Queria eu ser eterno naquela esquina, pra sempre ali, pra sempre imagem. Queria ser belo assim. Queria ser. Belo. Ser feliz assim estampado na parede. Belo é o fim, como um sopro, quando tudo acaba, quando não tem mais nada. Quando tudo é. Quando tudo é não. Quando tudo é não. É, não, é. Não. É quando não. E belo é o fim, como um sopro. Como um sopro, como um sopro, como um sopro...